quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Jornalismo em vídeos curtos: tendência ou realidade?

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13.12.2021









Uma das principais novidades que as mídias digitais trouxeram para o jornalismo é a produção de conteúdo em vídeo. Se antigamente apenas as emissoras de televisão apostavam nesse formato, atualmente, rádios, jornais e portais de notícias também utilizam os vídeos para noticiar.

Quem visita com frequência as redes sociais, os sites ou páginas de jornais brasileiros na internet já deve ter notado como tem sido grande o uso de vídeos. Entre fotógrafos de jornais cresce a busca por treinamentos e cursos com filmadoras digitais e no site  DigitalJournalism, os cursos sobre vídeo já tem mais alunos trabalhando na mídia impressa do que no cinema e TV.

Grandes jornais como o The New York Times publica diariamente uma seção de vídeos jornalísticos com até quatro reportagens produzidas por seus repórteres e cronistas. Além disso, o Times tem um blog chamado Medium, especializado em vídeos online. O jornal The Washington Post tem uma seção chamada Voices On com uma coleção de entrevistas feitas com personalidades das mais diversas áreas. 

No Brasil os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, publicam pelo menos dois vídeos em cada uma das suas edições online, nos confirmando que esse formato de jornalismo deixou de ser uma exclusividade da televisão. Outro exemplo é o portal G1, do conglomerado Globo, o portal possui farta cobertura em vídeos digitais, mas isto não é nenhuma surpresa. 

O futuro da produção de vídeos jornalísticos

A transformação digital afetou seriamente as empresas de jornalismo. As notícias estão sendo produzidas e consumidas de forma diferente e todos os jornalistas precisam de estar atentos às novas necessidades do mercado. 

As notícias já não são produzidas como antigamente em que na página apenas continha textos longos com poucas imagens, isto é, atualmente entre o texto existem fotos, vídeos, infográficos, tabelas, podcasts, gifs e muitos outros recursos visuais.

O objetivo passa mais por entreter o leitor e melhorar o visual de cada notícia. O texto é cada vez mais curto, mas contém a mesma credibilidade e não altera o sentido e importância da notícia. 

O crescimento das reportagens em vídeo produzidas por jornalistas provenientes da mídia impressa é causa e consequência do fenômeno da convergência digital multimídia, o processo onde os formatos texto, audiovisual e interativo se integram usando a Web como plataforma tecnológica.

A diferença entre o vídeo digital e a televisão está no formato da narrativa. Enquanto a TV é linear e dá preferência a vídeos mais curtos, nas filmagens para sites da Web a estrutura ideal para contar uma história é a não-linear, ou seja, formada por blocos de conteúdos informativos que o navegador organiza segundo seus interesses. Por outro lado, a duração do vídeo online pode variar muito, e isso depende da história e da narrativa.

A migração de repórteres para o videojornalismo não é um acaso. Esse crescimento na visualização de vídeos é visto desde 2008 quando 10 bilhões de vídeos foram acessados na internet, segundo a empresa ComScore. 

Se você busca uma plataforma onde pode explorar não apenas a publicação de notícias tendo seu próprio portal e ainda fazer a publicação de vídeos jornalísticos, a Maven tem a solução perfeita para você.

Com o Maven GAZ é possível gerenciar todos os seus conteúdos numa única plataforma, pensada para Portais de Notícias e que está integrada a lógica de comunicação da atualidade e as exigências de um conteúdo multiplataforma. Ou seja, você pode publicar conteúdo em qualquer plataforma e em qualquer tela, e ainda  utilizar a mesma plataforma para gerenciar notícias, aplicativo mobile e publicidade.

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sábado, 13 de novembro de 2021

Código de Ética dos Jornalistas

 


Capítulo I – Do direito à informação

Art. 1º – O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.

Art. 2º – Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:

I – a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas;

II – a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;

III – a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;

IV – a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as nãogovernamentais, deve ser considerada uma obrigação social;

V – a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.

 

Capítulo II – Da conduta profissional do jornalista

Art. 3º – O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.

Art. 4º – O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação.

Art. 5º – É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte.

Art. 6º – É dever do jornalista:

I – opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II – divulgar os fatos e as informações de interesse público;

III – lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;

IV – defender o livre exercício da profissão;

V – valorizar, honrar e dignificar a profissão;

VI – não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem trabalha;

VII – combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercidas com o objetivo de controlar a informação;

VIII – respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

IX – respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;

X – defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito;

XI – defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias;

XII – respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria;

XIII – denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente;

XIV – combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.

Art. 7º – O jornalista não pode:

I – aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a carga horária legal ou tabela fixada por sua entidade de classe, nem contribuir ativa ou passivamente para a precarização das condições de trabalho;

II – submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação;

III – impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;

IV – expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;

V – usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

VI – realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;

VII – permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;

VIII – assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado;

IX – valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.

 

Capítulo III – Da responsabilidade profissional do jornalista

Art. 8º – O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a responsabilidade pela alteração será de seu autor.

Art 9º – A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística.

Art. 10º – A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.

Art. 11º – O jornalista não pode divulgar informações:

I – visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;

II – de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;

III – obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;

Art. 12º – O jornalista deve:

I – ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas;

II – buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;

III – tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;

IV – informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções;

V – rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações;

VI – promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;

VII – defender a soberania nacional em seus aspectos político, econômico, social e cultural;

VIII – preservar a língua e a cultura do Brasil, respeitando a diversidade e as identidades culturais;

IX – manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho;

X – prestar solidariedade aos colegas que sofrem perseguição ou agressão em conseqüência de sua atividade profissional.

 

Capítulo IV – Das relações profissionais

Art. 13º – A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções.

Parágrafo único. Esta disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para que o jornalista deixe de ouvir pessoas com opiniões divergentes das suas.

Art. 14º – O jornalista não deve:

I – acumular funções jornalísticas ou obrigar outro profissional a fazê-lo, quando isso implicar substituição ou supressão de cargos na mesma empresa. Quando, por razões justificadas, vier a exercer mais de uma função na mesma empresa, o jornalista deve receber a remuneração correspondente ao trabalho extra;

II – ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente;

III – criar empecilho à legítima e democrática organização da categoria.

 

Capítulo V – Da aplicação do Código de Ética e disposições finais

Art. 15º – As transgressões ao presente Código de Ética serão apuradas, apreciadas e julgadas pelas comissões de ética dos sindicatos e, em segunda instância, pela Comissão Nacional de Ética.

§ 1º – As referidas comissões serão constituídas por cinco membros.

§ 2º – As comissões de ética são órgãos independentes, eleitas por voto direto, secreto e universal dos jornalistas. Serão escolhidas junto com as direções dos sindicatos e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), respectivamente. Terão mandatos coincidentes, porém serão votadas em processo separado e não possuirão vínculo com os cargos daquelas diretorias.

§ 3º – A Comissão Nacional de Ética será responsável pela elaboração de seu regimento interno e, ouvidos os sindicatos, do regimento interno das comissões de ética dos sindicatos.

Art. 16º – Compete à Comissão Nacional de Ética:

I – julgar, em segunda e última instância, os recursos contra decisões de competência das comissões de ética dos sindicatos;

II – tomar iniciativa referente a questões de âmbito nacional que firam a ética jornalística;

III – fazer denúncias públicas sobre casos de desrespeito aos princípios deste Código;

IV – receber representação de competência da primeira instância quando ali houver incompatibilidade ou impedimento legal e em casos especiais definidos no Regimento Interno;

V – processar e julgar, originariamente, denúncias de transgressão ao Código de Ética cometidas por jornalistas integrantes da diretoria e do Conselho Fiscal da FENAJ, da Comissão Nacional de Ética e das comissões de ética dos sindicatos;

VI – recomendar à diretoria da FENAJ o encaminhamento ao Ministério Público dos casos em que a violação ao Código de Ética também possa configurar crime, contravenção ou dano à categoria ou à coletividade.

Art. 17º – Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Parágrafo único – Os não-filiados aos sindicatos de jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Art. 18º – O exercício da representação de modo abusivo, temerário, de má-fé, com notória intenção de prejudicar o representado, sujeita o autor à advertência pública e às punições previstas neste Código, sem prejuízo da remessa do caso ao Ministério Público.

Art. 19º – Qualquer modificação neste Código só poderá ser feita em congresso nacional de jornalistas mediante proposta subscrita por, no mínimo, dez delegações representantes de sindicatos de jornalistas.

 

Vitória, 04 de agosto de 2007. Federação Nacional dos Jornalistas

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Propaganda não é opinião (muito menos jornalismo)

 

Por Luiz Artur Ferraretto, para Coletiva.net | 27/09/2021 16:52

O que é, afinal, o Jornalismo? Trata-se de uma instituição social caracterizada pelo relato de fatos e de opiniões. Pode, inclusive, aparecer na forma da opinião explícita de quem escreve, mas isso tem lá seus limites. É importante saber a diferença entre, pelo menos, três gêneros do jornalismo: informativo, relato do fato em si; interpretativo, quando esse fato é colocado em um contexto; e opinativo, centrando o foco na posição de quem escreve ou do próprio veículo em relação ao fato. Independentemente do gênero, deve se basear na técnica. E na ética. Portanto, precisa incluir o contraditório. Não pode ser feito aos berros ou usando ofensas. Deve respeitar os direitos humanos e defender a democracia. 

O processo que leva à chegada da ultradireita ao poder em vários países - caso do Brasil - levou à conversão de alguns veículos de comunicação do jornalismo para a propaganda. Não confunda com publicidade. Uso, aqui, o termo "propaganda" para especificar o discurso ideológico e sem meias palavras, uma emulação para a mídia tradicional do que se vê nas redes sociais. É sempre marcado por muita afirmação categórica, em que alguém se coloca de forma aparentemente heroica em defesa de posições exacerbadas. São frequentes expressões como "bandido", "corrupto" ou "salvação da pátria", além de insinuações de péssimo gosto a respeito de afrodescendentes, LGBTQIA+s, mulheres, pessoas com deficiência ou povos originais. O recurso à "tradição", a "Deus" e à "família" está sempre presente de forma idealizada. De fato, o mundo acaba restrito aos valores da parcela branca, heterossexual e masculina da sociedade. Trata-se de algo que, com maior ou menor impacto, pode ser encontrado em diversas cidades do país. Parece, no entanto, estar perdendo espaço junto com o crescente descrédito de seus referenciais antidemocráticos. 

O que leva à conversão do jornalístico ao propagandístico? Obviamente, são os interesses econômicos e políticos. Entre veículos, para além do populismo e do fingido interesse em defender a "civilização", há a incapacidade de concorrer de verdade. Embora ocorram referências frequentes ao capitalismo, essas são apenas - fique claro - esparsas e remotas, utilizadas para criar um inimigo a ser atacado: o comunismo. É incrível, mas, décadas depois do fim da União Soviética e com a economia da China convertida ao consumo e ao mercado, não existe lugar onde o comunismo seja mais forte do que dentro da cabeça dos ultradireitistas brasileiros. 

Mas é preciso entender o porquê dessa rápida conversão à propaganda. Os desafios ao modelo tradicional de negócio em comunicação assustam quem sempre investiu muito mais em tecnologia do que em recursos humanos, algo fundamental na contemporaneidade. Nos principais mercados, a concorrência mudou ou desapareceu. Mudou. Por exemplo, uma emissora dedicada ao radiojornalismo pode se preocupar muitíssimo mais em perder o primeiro lugar em audiência para uma rádio popular do que para outra estação também dedicada a notícias. Desapareceu. Por exemplo, a única forma de sobreviver como empresa pode ser criar um segmento dentro do segmento, acomodando-se frente a quem lidera. São, em alguns casos, situações impensáveis há 30 ou 40 anos. 

Por óbvio, existem, ainda, as crises econômica e política. No Brasil, sempre, o Estado foi fonte de investimento publicitário. Então, pensam os desavisados: por que não ser explícito no apoio ao governo federal? Se o autoritarismo está de um lado e de outro do balcão de negócios, aproximando veículo e políticos, parece uma opção viável para alguns empresários. Se a radicalização impulsiona postagens nas redes sociais, a opção torna-se ainda mais concreta. Pois é... Mas se muda o quadro (como está mudando neste momento no Brasil)? Qual o futuro do veículo que fingiu dar opinião, mas fazia propaganda? Qual o futuro do veículo que fingiu fazer jornalismo, mas fazia propaganda? Qual o futuro do veículo que fingiu defender a liberdade de expressão, tentando destruí-la? Simples, em uma sociedade democrática, esses veículos não têm futuro. 

Luiz Artur Ferraretto é jornalista e professor.


https://coletiva.net/artigos/propaganda-nao-e-opiniao-muito-menos-jornalismo,404040.jhtml

Seminário traz experiências europeias de educação midiática

 

EDUCAÇÃO MIDIÁTICA

por  | set 26, 2021 |

Mary Taylor do Pexels 


Existe um certo consenso global de que a educação midiática, educar para lidar com a informação, seja ela online ou offline, é uma das estratégias para enfrentar a desinformação e seus efeitos. Mas a educação ou alfabetização midiática sozinha não dá conta do problema. Reforma da mídia, políticas públicas de estímulo ao letramento midiático de modo que esteja em todas as esferas da sociedade, valorização da cultura, arte e participação cidadã, além de autorregulação mais adequada por parte das plataformas são medidas adicionais apontadas por pesquisadores e especialistas que participaram do Seminário Educação Midiática e Combate à Desinformação, promovido no âmbito da Semana da Europa no Brasil. O evento reuniu representantes de universidades, governos e organizações da sociedade civil europeus envolvidos com este tema tão desafiador quanto inspirador. “A ideia é  perceber como estão tratando a educação midiática e informacional, trazer a dimensão da comunicação como direito fundamental”,  explicou Cristiane Parente, da equipe de curadoria.

“A educação ajuda mas não repõe as consequências de estar mal informado. O problema da desinformação deve ser enfrentado de forma racional e também afetiva, incluindo apoio a valores, cultura, tradições”, defendeu Ziga Turk, da Universidade de Ljubljana, Eslovênia. Para ele, as enormes mudanças na produção e consumo de notícias, com impactos no controle de qualidade, amplificação e edição das mesmas, trouxe desafios na mesma proporção para as práticas pedagógicas. 

O negacionismo e outros comportamentos extremistas, de acordo com Turk, embutem valores que precisam ser investigados e abordados para alguma mudança eficiente do cenário. 

Gianna Cappello, da Universidade de Palermo, enfatizou a necessidade de práticas que estimulem o pensamento crítico para combater a desinformação. “Educação midiática não é só sobre usar a mídia ou tecnologia, mas sobre compreensão crítica, cultura participativa, liberdade de expressão e engajamento civil”.  Cappello lembrou os primórdios da internet, quando havia uma expectativa utópica de maior participação e poder das pessoas, panorama muito distinto do que se vê hoje com a plataformização. “Com o desenvolvimento do capitalismo digital, a criatividade dos consumidores passou a ser o produto”.  

Na prática, a pesquisadora disse apostar no quadro mais amplo para ensinar como se lidar com fake news. Como, por exemplo, mostrar o oligopólio formado pelas cinco maiores empresas de tecnologia da internet ou discutir o papel dos políticos na disseminação de teorias da conspiração, levando à conscientização de que fake news não são uma questão individual e pontual.  

Entre as soluções possíveis, ela sugeriu uma combinação de reforma da mídia e restabelecimento da internet como um serviço de utilidade pública e bem comum (como água e o ar), o que demandará políticas públicas. 

Minna Harmanen, conselheira da Agência Nacional para Educação da Finlândia, trouxe o conceito de multialfabetização, a educação midiática como prática transversal para todos os assuntos da escola, desde a educação básica. “Assim, estimulamos o pensamento crítico, a capacidade de interpretar e refletir sobre tudo o que está na internet”. 

Na Alemanha, a Associação para Educação Midiática e Cultura da Comunicação (GMK) traz uma perspectiva semelhante, buscando competências práticas e engajadas na relação com a mídia. A GMK apoia projetos coletivos que envolvem cultura e tecnologia, como projeções de memórias e cultura digital, propostas multimídias de teatro e projeções. 

O mediale pfade, em Berlim, uma outra organização alemã para prevenção da radicalização online, estimula reflexões sobre racismo, sexismo e todas as formas de extremismo que tomaram as redes. Fidel Bartholdy, que o representou, trouxe algumas ideias sobre a condução do debate acerca de fake news. Para ele, o julgamento afasta as pessoas, então é preciso perguntar, ouvir e discutir com tranquilidade o assunto. Entre as técnicas que utiliza estão as ferramentas de checagem de notícias e games onde os jogadores experimentam o processo de criar notícias falsas. 

Glossário

O que é educação midiática ou alfabetização midiática informacional ou letramento midiático?

É o conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos — dos impressos aos digitais.

Fonte: Educamídia

 

Conheça algumas experiências europeias de alfabetização midiática 

Finlândia

  • educação mídiática está no currículo da educação básica. Eles chamam de multialfabetização
  •  Não se trata só de interpretar e produzir textos mas desenvolver a capacidade dos alunos de interpretar e desenvolver o pensamento crítico para todos os assuntos/temas tratados na escola 
  • Diante da desinformação, eles estimulam diálogos sobre fenômenos científicos, por exemplo 
  • Algumas perguntas usadas na prática pedagógica: de onde veio esta informação, quais as fontes, é um fato ou uma opinião, quem lucra com esta notícia, o que está por trás? 

Alemanha 

  • GMK é a Sociedade de Pedagogia das Mídias e Cultura Comunicacional, reúne mais de mil instituições com interesse em estudar a mídia
  • Conceito que norteia as ações é competência de mídia, a habilidade para ler, compreender e discutir a comunicação e criar suas próprias produções midiáticas
  • Propostas de criação coletivas, envolvendo temáticas da cultura e arte 
  • Mediale Pfade é uma organização para prevenção da radicalização online 
  • Realizam oficinas e treinamentos para educadores com foco na luta contra o extremismo que tomou as redes;  utilizam técnicas de checagem e games 
  • mostram como fake news têm apelo emocional, fazem parte de estratégias políticas e podem influir na democracia e explicam como as empresas de tecnologia se beneficiam da desinformação
  • Como conduzir discussões sobre fake news: pergunte, ouça e discuta, sem julgamentos

França 

  • EMILE é um programa de mídia, informação e liberdade de expressão, vinculado ao Ministério da Cultura francês 
  • Treinam tomadores de decisão para alfabetização midiática. Por exemplo: diretor do Louvre, bibliotecários, jornalistas, arquivistas etc 
  • Alfabetização midiática é visível em todos os setores da sociedade francesa 
  • Criar acesso e oportunidade de participação através da cultura
  • Bibliotecas passaram a funcionar como pontos de acesso a cultura, informação, arte 
  • O governo exige habilidades de educação digital para os funcionários públicos 
  • Educação midiática começa aos 7 anos com jogos e ferramentas divertidas. Os alunos são encorajados a levarem questões para os pais de forma a treiná-los também

Bélgica 

  • Mediawijs, centro de mídia digital no Norte da Bélgica para treinar habilidades para mídias digitais 
  • A tecnologia digital é uma ferramenta e um objeto 
  • Dar condições para inclusão digital e habilidades para criação no ambiente online de forma que o usuário deixe de ser apenas consumidor de redes sociais 
  • Uso da arte e tecnologia, makerspaces, performances digitais, uso de arquivos, imagens, reflexão sobre o papel da arte 

União Europeia 

  • Criou o EAVI, uma organização sem fins lucrativos voltada para alfabetização midiática e promoção da cidadania. A organização apoia iniciativas que preparam os cidadãos para ler, escrever e participar da vida pública através dos meios de comunicação 
  • Conceito fundamental é o pensamento crítico, voltar ao básico
  • Habilidade de estar atento ao que se passa ao nosso redor 
  • Alfabetização midiática não é só um processo racional, precisa acessar o emocional
  • O exercício de se tornar cidadão antecede a habilidade para uso de ferramentas da mídia digital 


https://desinformante.com.br/seminario-traz-experiencias-europeias-de-educacao-midiatica/


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Artigo | Entenda por que a discussão sobre regulação da mídia sempre volta

 

COMUNICAÇÕES

A falta de regulação gera e perpetua a concentração dos meios de comunicação e garantem a manutenção de monopólios

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Heródoto Barbeiro, Adalberto Piotto e uma conversa sobre a opinião para “lacrar”

 

Jornalistas conversam sobre questões relacionadas à imprensa

Anderson Scardoelli

A edição desta semana de ‘Pensando o Brasil’, programa de entrevistas apresentado por Adalberto Piotto e produzido em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), recebeu um “Mestre do Jornalismo”: Heródoto Barbeiro. Ao participar da atração, o jornalista colocou em discussão o trabalho da própria imprensa.

Vencedor do Prêmio Comunique-se na categoria ‘Âncora de Rádio’ em três oportunidades, Heródoto usou a experiência como historiador e professor para analisar determinados assuntos. Na conversa com Piotto, ele destacou, por exemplo, os reais sentidos de palavras como “genocida” e “fascita”. “Banalização”, definiu o comentarista da Record News.

 

Chamar alguém de genocida é algo gravíssimo

Heródoto Barbeiro

“Em vez de eu discordar de você e das suas ideias (…), eu prefiro ‘carimbar’ você com alguma coisa que a sociedade possa entender como ruim”, exemplificou Heródoto Barbeiro. “Muitas pessoas não sabem o que é o fascismo”, enfatizou. “Chamar alguém de genocida é algo gravíssimo. Quando você fala de genocida, eu me lembro de dois. Na direita, Hitler. Na esquerda, o Stalin”, continuou o jornalista.

De forma direta — e geral —, Heródoto teceu críticas à imprensa atual. Nesse sentido, indicou a necessidade de se ler (e entender) determinado assunto antes de emitir alguma opinião. A opinião da era do ‘lacrar‘, conforme define a equipe do portal do CIEE. “Se perguntar numa redação o que é o Ministério Público, a maioria vai dizer que ele faz parte do poder Judiciário”, lamentou o “Mestre do Jornalismo”.

Heródoto Barbeiro, Adalberto Piotto e o jornalismo na era das redes sociais

Questionado a respeito de como os jornalistas e os veículos de comunicação devem se portar diante de conteúdos replicados a todo instante em plataformas de redes sociais, Heródoto Barbeiro destacou a necessidade de se diferenciar pela credibilidade. “Temos que fazer aquela pergunta clássica: será que isso é verdade?”. Para isso, é preciso apurar, ressaltou. Por fim, o entrevistado lembrou que profissionais da imprensa devem sempre ter em mente uma coisa: “quem julga é o público”.

Assista à conversa entre Heródoto Barbeiro e Adalberto Piotto: 




Anderson Scardoelli

Jornalista, 31 anos. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupa atualmente.

https://portal.comunique-se.com.br/herodoto-barbeiro-adalberto-piotto-e-uma-conversa-sobre-a-opiniao-para-lacrar/

sábado, 14 de agosto de 2021

O que é WEB RÁDIO?

 

Você tem dúvidas das principais diferenças de uma rádio comum (am, fm ou comunitária) para uma web rádio ou rádio online?


Venha assistir a este vídeo, para tanto basta clicar:


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Contatos:

Tony Marques
Emal: tonymarquesdigital@gmail.com
Whatsapp: 94 9981162364

COMENTARIOS:

terça-feira, 27 de julho de 2021

Informar não é comunicar






Neste review-reflexão, falamos sobre esse livro que, apesar de ter sido lançado em 2009, ainda é muito atual! Venha conosco, comente e contribua com essa discussão!


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domingo, 25 de julho de 2021

Vocabulário de jornalismo

 

fevereiro 20, 2015 | 



Em uma redação, seja ela de jornal impresso, radiofônico, televisivo ou online, são utilizados diversos jargões e expressões próprias. Assim, para o estudante de jornalismo é fundamental conhecer o significado de cada uma dessas expressões para exercer melhor o seu trabalho. Abaixo listamos algumas (é difícil reunir todas, pois existem redações que estão criando novos termos e substituindo outros), a ideia aqui é apresentar as principais e as mais utilizadas. Caso você não encontre algum termo, escreva nos comentários para que possamos acrescentar na lista.

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Abrir Foto – Ampliar o tamanho da foto na página. Este artifício é usado para valorizar uma foto de qualidade ou cobrir espaço quando o texto é pequeno.

Agência de notícias – Empresa que elabora e fornece matérias jornalísticas, por meios rápidos de transmissão, para seus assinantes. Pode ser de âmbito local, nacional ou internacional. Transmite regularmente e de forma ininterrupta a seus associados o noticiário geral ou especializado, fornecendo informações “por atacado”.

Almanaque – Obra de periodicidade geralmente anual, constituída de textos de cunho informativo e recreativo. Também pode ser uma edição especial de uma revista, publicada esporadicamente ou com periodicidade anual, em formato maior, com matérias especiais e maior número de páginas.

Análise – Texto que analisa determinado assunto. Pode ser em forma de artigo ou de pequeno box inserido dentro do material.

Apurar – Levantar dados para uma reportagem e/ou artigo.

Articulista – Profissional que, periodicamente, escreve artigos assinados para jornais e revistas, onde opina pessoalmente sobre fatos relevantes. Pode ou não fazer parte do quadro funcional.

Artigo – Texto jornalístico interpretativo e opinativo que desenvolve uma ideia ou comenta um assunto a partir de uma determinada fundamentação.

Aspas – Declaração inserida em uma matéria. Atenção: a expressão Preciso de umas aspas refere-se à necessidade de se inserir um personagem no texto.

Assinatura – Crédito dado ao autor de uma matéria.

Baixar – Mandar uma página para as oficinas do jornal. Aí termina o trabalho editorial e começa a parte industrial do processo.

Balão de ensaio – Notícia sem fundamento, boato.

Barriga – Notícia inverídica publicada na imprensa, geralmente com grande alarde e sem má-fé, na tentativa de furar os concorrentes. Causa grande desgaste e descrédito ao veículo de imprensa e ao repórter.

Bater um branco – Expressão usada por cinegrafistas e técnicos de luz que integram as equipes de televisão, para testar a definição da cor na imagem, antes de começar a gravar uma entrevista. Usa-se a expressão “bate um branco aí”.

Bloco – Parte do telejornal em que a matéria será veiculada. Usa-se o termo “primeiro, segundo, terceiro bloco”.

Boneco – (1) Fotografia de um entrevistado em plano americano. Usa-se muito a expressão “fazer um boneco” ou “bonecar”. (2) Montagem de folhas representando as páginas do projeto de revista. Usado para distribuir as matérias e elementos gráficos.

Box – Quadro colocado no texto da matéria com informações adicionais sobre o tema. Pode ser um conjunto de informações técnicas relacionadas ao texto principal, a história de um personagem citado na reportagem, ou até mesmo um minieditorial da publicação relacionado ao tema da manchete.

Briefing – Conjunto de informações que uma empresa reúne para apresentar ao seu profissional de comunicação (seja ele um funcionário ou uma agencia externa) sempre que deseja tornar algum fato público, seja através de campanhas publicitárias, ou de ocupação de espaço editorial.

Buraco – Fato que ocorre quando os textos e fotos ou ilustrações não são suficientes para preencher um espaço previsto. O editor tem como opção aumentar o corpo (tamanho da letra) do texto, aumentar a foto ou a ilustração. O recomendável é que se acrescente mais linhas ao texto. O pior recurso é aumentar o entrelinhamento (espaço entre as linhas da reportagem).

Caderno – Conjunto de páginas de um jornal ou revista que trata de assuntos específicos ou ainda das reportagens mais importantes de uma edição. Os jornais tem como costume publicar cadernos específicos sobre planos econômicos ou ainda cadernos diários que tratam de variedades. Há ainda os cadernos publicitários, que são encartados nas edições dos jornais ou das revistas.

Caixa alta e baixa – Embora seja uma expressão usadas nas redações dos anos 60, ainda hoje é empregada para designar as letras maiúsculas e minúsculas. “C” é uma letra em caixa alta e “c” é uma letra em caixa baixa.

Calhau – Texto ou anúncio usado para preencher um espaço em branco. Esse espaço em branco pode surgir de uma reportagem que “caiu” ou de um anúncio que foi cancelado. Toda publicação deve ter calhaus previamente produzidos para ocupar espaços em brancos que ocasionalmente surgem no fechamento de uma edição. As publicações mais modernas têm procurado usar o recurso de publicar calhaus informativos. São pequenos textos que trazem dados estatísticos ou ainda informações de menor importância. Se o espaço for grande, pode ser preenchido por uma reportagem completa.

Cavar – Apurar com empenho, batalhar pela notícia. Usa-se muito a expressão “cavar uma matéria”.

Chamada – Informação resumida colocada na primeira página de um jornal ou de um caderno. É usada para atrair a leitura e normalmente é complementada nas páginas internas de uma publicação.

Chapéu – Palavra-chave colocada acima do título de uma reportagem. Os chapéus vêm sendo substituídos por selos, que, por serem melhor elaborados graficamente, atraem mais a leitura. Os chapéus são colocados sempre acima dos títulos. Os selos podem ser colocados em qualquer parte do alto de uma reportagem, mas normalmente são publicados junto ao primeiro parágrafo.

Chefe de reportagem – Profissional que coordena os repórteres, determinando o que estes devem fazer. Nos organogramas das redações esse cargo vem sendo substituído pelo editor- assistente, que é responsável pela produção das reportagens.

Cineminha – Trata-se uma sequência de fotos que mostra o desenrolar de uma cena. É usado também em reportagens didáticas que procuram mostrar ao leitor como proceder passo-a-passo.

Clipeiro – Pessoa que faz o clipping.

Clipping – Seleção e recorte de notícias sobre a empresa, ou sua área de atuação, a partir da leitura e acompanhamento dos jornais diários, revistas semanais e de publicações especializadas.

Close – É uma foto cheia, em que se destaca o rosto da pessoa fotografada.

Cobertura – Acompanhamento e apuração de um ou mais fatos, para transformá-los em notícia. Pode ser realizado por um ou mais repórteres, dependendo da importância e amplitude do fato para o veículo que pretende publicá-lo.

Coleguinha – Sinônimo de jornalista. Modo como os jornalistas, principalmente repórteres, se referem uns aos outros.

Coluna – (1) Espaço padronizado para se dispor o texto na página. (2) Espaço fixo usado por jornalista contratado especialmente. Pode ser analítica ou de notas.

Coluna falsa – Coluna fora da medida padronizada pelo jornal.

Comentário – Pequeno artigo. É sempre assinado.

Contraplano – Gravar trechos da entrevista focando o repórter, para fazer cortes na edição da matéria. Geralmente o contraplano é gravado após o término da entrevista.

Copidescagem – Tratamento que uma notícia recebe de um redator depois de ser entregue pelo repórter à sua editoria. Vai desde a simples titulagem e uma ou outra adequação de vírgulas, até a total reestruturação do texto, em função de uma redução no espaço para publicação ou de decisão editoriaI de ressaltar aspectos não destacados pelo repórter.

Copydesk ou copidesque – Veja também redator. Termo importado dos Estados Unidos por Pompeu de Souza durante a reforma do Diário Carioca. Na época poucos repórteres escreviam a matéria. Eles chegavam e ditavam o texto para o editor. Pompeu obrigou-os a escrever. Para transformar o texto incompreensível dos repórteres em algo legível existia uma Mesa de Textos (Copy Desk em inglês) com os melhores redatores do Diário Carioca. O termo incorporou-se à linguagem jornalística como sinônimo de redator.

Copyright – São os direitos reservados ao autor de uma obra ou à quem comprou os direitos do autor. As fotos também tem seus direitos reservados.

Corpo – Tamanho de uma letra. O corpo mais usado nas revistas e jornais é o tamanho 10. Os programas de edição eletrônica trazem corpos que variam de 4 a 400. Corpos menores que dez podem ser prejudiciais à leitura.

Costurar – Juntar as informações em um texto. Usa-se a expressão “costurar o texto” e/ou “alinhavar o texto”.

Cozinha – Termo muito usado em jornal para definir as funções ligadas ao fechamento, como diagramação, secretaria. Usa-se a expressão “cozinha de jornal”.

Cozinhar – Reescrever texto já publicado em outro veículo. Geralmente, quando utilizam esse recurso, um jornal ou uma revista citam a publicação de origem.

Crédito – Assinatura usada em foto ou para marcar material produzido por agência ou outra publicação.

Crescer – Ganhar importância em uma edição. Usa-se a expressão “a matéria cresceu”.

Crônica – Coluna ou texto que aborda tema do cotidiano, geralmente utilizando forma literária.

Curta – Matéria com, no máximo, 15 centímetros de texto.

Dead Line – Último prazo para que uma edição seja fechada ou que uma reportagem seja concluída. Esses prazos são fixados com a previsão de um período razoável para que a tarefa seja executada. Os bons profissionais geralmente entregam suas reportagens ou fecham a edição antes do deadline.

Declaração – Texto ou opinião oficial expressa verbalmente por entrevistado.

Dedo-duro – Para o jornalista, dedo-duro é a referência colocada em uma matéria para remetê-la para outro assunto em página diversa. Também conhecida como Leia mais.

Derrubar – Termo usado para expressar que uma reportagem não vai ser produzida. Geralmente ocorre quando o repórter percebe que não vai conseguir apurar as informações, quando uma entrevista é cancelada ou ainda quando o editor desiste de abordar o assunto. Usa-se a expressão “derrubar a matéria”. A pauta pode ser derrubada também por um concorrente que publique a mesma reportagem em seu veículo antes de todos os outros.

Diagrama – Folha retirada do caderninho para guiar o início do trabalho de diagramação.

Diagramação – Diagramar, ou paginar, significa dispor o material na página. Organizando textos, fotos e gráficos de modo sensato para que a leitura seja fluida. A paginação é aplicada em jornais, revistas, internet e em outros meios que exijam a organização de elementos gráficos.

Editor – Profissional responsável por uma publicação ou editoria. O termo editor-chefe já não é mais usado. Foi substituído pelo publisher, um profissional que cuida desde a elaboração de um projeto gráfico até sua circulação.

Editoria – É como se fosse um departamento de uma redação. A editoria trata de assuntos específicos. Tem sido cada vez mais comum nas redações a figura da editoria especial ou de emergência. É um recurso usado para reunir os melhores profissionais em uma grande cobertura.

Entrevista Coletiva – Como o nome já diz, trata-se de uma entrevista de interesse geral onde vários jornalistas estão presentes, normalmente organizado pelas assessorias de imprensa.

Enxugar – Resumir um texto. Cada vez mais as publicações exigem que os textos sejam mais concisos. O profissional deve eliminar principalmente os adjetivos e avaliações próprias. Se o profissional sente que há dificuldade para continuar escrevendo sobre um texto, é provável que ele não mereça mais linhas do que as já escritas. O texto rebuscado é cheio de parênteses, travessões, apostos e outros recursos que desencorajam a leitura.

Espelho – É a previsão do que vai ser publicado em uma página com a inclusão dos anúncios. Não confundir com diagrama. O espelho é feito pelo departamento comercial da editora conforme a previsão do número de páginas pela redação.

Estouro – Ocorre quando um texto é maior que o espaço reservado. O editor normalmente suprime dos textos as últimas linhas ou últimos parágrafos quando ocorre um estouro. Por isso, o repórter não deve colocar nunca as informações mais importantes nos últimos parágrafos.

Expediente – Espaço onde são publicados os nomes dos editores, endereços e telefones para contato com o veículo de comunicação.

Fechamento – Etapa do processo de edição em que os trabalhos são encerrados. Depois do fechamento não há mais revisão do texto e a edição é enviada para a gráfica. Em algumas publicações há o trabalho do secretário gráfico. Esse profissional procura evitar erros mais evidentes como troca de fotografias ou ainda erros de português em títulos.

Fio – Linha que separa as colunas. Pode ser usado também para destacar frases no meio de um texto ou ainda para circundar os boxes.

Foca – Apelido dado ao jornalista aprendiz, muito usado para falar do jornalista recém-formado.

Fonte – No dicionário o significado do termo está como “nascente da água”. Nas redações, a fonte é a procedência de uma notícia, pode ser pessoa ou veículo.

Furo – É a notícia em primeira mão, quando determinado veículo é o primeiro a publicar uma informação.

Hard News – Usa-se como grau de importância da notícia, também chamada de “Notícia Quente”.

Iceberg – Texto que começa na primeira página e prossegue em páginas internas.

Imprensa Marrom – O termo vem do francês e quer dizer atividade ilegal. É muito utilizado no Brasil ao se dirigir à jornais sensacionalistas.

Intertítulo – Pequenos títulos colocados no meio do texto. Esse artifício é usado para tornar o texto menos denso. Há publicações que preferem destacar frases retiradas do texto para colocar nos intertítulos. Usar apenas em casos extremos. Se o texto for longo, sempre é possível usar sub-retrancas, o que facilita a leitura de um texto e torna a diagramação visualmente mais atraente.

Janela – É quando se coloca uma foto menor dentro de uma foto maior para destacar detalhes. Um exemplo é quando se coloca uma grande foto de um incêndio e no detalhe (janela) aparece uma foto do aparelho que causou o incêndio.

Lauda – Uma medida padrão para o texto impresso por página, aproximadamente 1400 caracteres. Cada veículo tem sua forma.

Legenda – Texto curto que explica uma foto ou ilustração.

Lide – Originário da palavra inglesa lead. É o primeiro parágrafo de um texto. Deve ser curto e responder às perguntas básicas do jornalismo: quem? o que? quando? onde? como? por quê? O ideal é que o lide tenha no máximo cinco linhas. Lides maiores desestimulam a leitura. Se a publicação não tiver um caráter factual, ele pode deixar de responder as seis perguntas acima e usar uma outra linguagem que atraia o interesse do leitor.

Linha fina – É um textinho que fica abaixo do título da notícia que complementa o que foi noticiado no título.

Link – Termo usado pela imprensa televisiva onde o repórter entra ao vivo de fora do estúdio com informações adicionais para a reportagem.

Macarrão – Termo que designa uma página solta no meio de um caderno do jornal.

Manchete – É o título da principal reportagem do jornal, publicado na primeira página. Também é usado para designar a principal reportagem de cada página (manchete da página).

Nariz de cera – Trata-se do primeiro parágrafo que não tem tanta importância para o resto do texto.

Olho – Texto curto que destaca os aspectos mais importantes abordados na reportagem. Deve estar relacionado ao título principal. Serve para despertar a atenção do leitor para a leitura.

Ombudsman – Profissional contratado para representar os interesses do público junto a instâncias superiores. Com a função de analisar publicamente o trabalho do próprio veículo.

Pastel – Mistura de textos ou legendas em uma página. Esse tipo de erro pode ser facilmente evitado com a atuação eficiente do secretário gráfico em uma redação.

Pauta – Ordem de informações e dicas transmitida pelos chefes de reportagem para o cumprimento da mesma. A pauta normalmente indica a pessoa que deve ser entrevistada, local, horário e até mesmo o tamanho da reportagem que deve ser produzida. A pauta também deve indicar os temas principais que devem ser abordados no texto. Nos jornais a pauta é feita por um jornalista conhecido como pauteiro ou pelos editores de cada seção. Nas revistas as pautas são produzidas pelos editores ou pelo redator-chefe. As pautas mais detalhadas indicam também se o texto deverá ter foto ou não. A pauta não deve ser nunca uma “camisa de força”. O repórter deve procurar cumpri-la. Há nas redações uma anedota de que um repórter não cumpriu uma pauta sobre buracos em uma rua porque não conseguiu chegar ao local. O trânsito estava congestionado devido a um incêndio em um prédio e a rua tinha sido destruída por um temporal que atingiu o bairro na noite anterior. Enfim, os buracos tinham sumido e a pauta, na visão do repórter, não podia ser cumprida. Ele voltou para a redação sem ter escrito nenhum texto.

Pé – É o final do texto. Todo repórter deve ter em mente que se o texto for reduzido, as últimas linhas serão eliminadas. Daí a expressão “pirâmide invertida”. Isso significa que a parte mais importante do texto deve ser colocado sempre nas primeiras linhas. Nunca o texto deve ser escrito de forma que as últimas linhas não possam ser eliminadas. Jornalistas inexperientes costumam reclamar sobre os textos cortados no pé. Dizem “era o fechamento do texto, o encerramento da ideia”. Esse conceito é próprio dos textos literários, das crônicas. No texto de reportagem isso não pode acontecer nunca.

Pingue-pongue – Forma de texto em que as perguntas e respostas são publicadas. Normalmente têm um pequeno texto introdutório no qual é feito um perfil do entrevistado e é mostrado como e onde a reportagem foi feita. O ideal é que as respostas sejam transcritas fielmente. Procure nunca editar respostas. Uma entrevista pingue-pongue exige do repórter planejamento. Ele deve ter em mente, ou por escrito (de preferência), um roteiro das perguntas que serão feitas. Esse roteiro vai mudar conforme as respostas. O exemplo mais clássico desse tipo de entrevista é o publicado nas páginas amarelas da revista Veja.

Pirâmide invertida – É o modo de se estruturar um texto de forma que a informação mais importante seja colocada nas primeiras linhas, compondo assim o “lide”. Nunca o texto pode, por exemplo, falar sobre a vida de um escritor, suas preferências, seus prêmios etc e na última linha ser colocada uma frase: “Ele morreu ontem”. Tal observação parece ridícula, mas é muito comum nas redações.

Pirulito – Um texto bem pequeno.

Press Release – Texto produzido pela assessoria de imprensa sobre fatos de determinada empresa para distribuição na imprensa em geral.

Projeto – É o planejamento de uma nova publicação. Nele se definem as estratégias de publicidade, viabilidade comercial e também os aspectos predominantes a serem abordados nos textos.

Quadro – Também é conhecido como “caixa”. Trata-se de um recurso para enquadrar o texto entre fios.

Retranca – Palavra que identifica um texto. “Samba” pode ser uma retranca que identifica um texto sobre as escolas de samba. O ideal é que a retranca tenha uma só palavra.

Selo – Recurso gráfico que marca uma reportagem ou uma série de reportagens. É muito comum seu uso em série de reportagens. Normalmente é composto por uma pequena expressão e um desenho que se repete. Por exemplo: “Crise no INSS” pode ser acompanhado de um desenho de uma maca. Todo texto que se refira ao assunto é acompanhado desse selo.

Side – Termo usado para designar um outro lado da reportagem. São assuntos paralelos que se publicam nos sides. Um texto sobre um jogo de futebol pode trazer um side com o jogador que teve o melhor desempenho na partida.

Standard – Tamanho padrão dos jornais. Mede 54 x 33,5 cm. O único caso no Brasil de jornal que conseguiu sucesso sem ser standard é o Zero Hora, de Porto Alegre, publicado em tamanho tablóide. O tamanho tablóide é a metade do standard.

Stand by – Textos que podem ser publicados em qualquer época. Também são conhecidos como textos de “gaveta”. Um texto que mostre os planos da empresa IBM para o Brasil, por exemplo, pode ser publicado em qualquer época (claro que sem exagero. Esse texto não pode ser publicado um ano depois de ser escrito, mas pode muito bem ser publicado duas semanas depois de ter sido escrito).

Texto final – É o que vai ser publicado. Com a extinção do cargo do copidesque nos jornais, todo repórter deve ter um texto final. O que ele escreve é o que vai ser publicado.

Tipo – É o formato da letra. Os tipos se dividem em famílias. A família mais usada nos jornais é a Times.

Viúva – Letra ou palavra que sobra no final de texto depois que ele é impresso. Quanto menor a palavra, pior é o aspecto da diagramação.

Sobre o autor

O jornalista Emílio Coutinho criou a Casa dos Focas com o intuito de auxiliar estudantes e recém-formados em comunicação, seja através da pesquisa ou da divulgação de seus conhecimentos na área. Os textos aqui publicados são de responsabilidade dos seus respectivos autores.


http://www.casadosfocas.com.br/vocabulario-de-jornalismo/


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